14 de out. de 2010

NOSSO POMAR

Parte 1

Quando chegou o mês de setembro, nossos pastos e matas, tão sofridos pelos longos dias frios de inverno, começaram a sentir os primeiros efeitos da primavera, estação em que a natureza recupera a vida que estava adormecida. Os brotos verdes rompem o solo, coberto por uma forragem de plantas mortas, à procura de chuva e de sol.

Desde os tempos mais remotos os nossos ancestrais ocidentais utilizam esse período do ano para iniciar o plantio, organizando-se pelo calendário lunar. Recebemos de herança laços fortes com a mãe Natureza e intenso amor e respeito pelas árvores, como representantes maiores da imensa riqueza natural que possuímos. No dia 21 de setembro, data que prenuncia oficialmente a chegada da primavera no hemisfério sul, nós, do Haras Acuruí, confirmamos esse carinho e respeito, iniciando o plantio de 1000 unidades de espécies nativas, além de um pomar cuidadosamente planejado.
 
Tudo começou com um grande desejo de "por a mão na terra" e reestabelecer um contato direto com a natureza que foi se esvaindo em meio às inúmeras atividades de caráter mercantil, industrial, financeiro e cultural do sistema urbano em que estamos inseridos.
 
Primeiramente, procuramos uma instituição séria e competente para nortear nosso trabalho. Escolhemos a Ufla (Universidade Federal de Lavras) que, entre outros programas ligados à agropecuária, oferece um dedicado ao cultivo de pomar doméstico. Passamos por alguns meses de estudo que culminaram em um encontro presencial no qual praticamos e esclarecemos nossas dúvidas.
 
Escolhemos um lugar próximo a sede, resguardado da passagem de pessoas, animais e ventos fortes, mas, de fácil acesso, com disponibilidade de água de boa qualidade, de solo profundo e não pedregoso.
 
Enquanto assimilávamos os conhecimentos necessários para a implantação do pomar, escolhemos um local adequado, coletamos amostras do solo e mandamos analisar. Para nossa grande surpresa, o solo estava pronto, não precisava de correção, então, iniciamos a limpeza do local.
 
A declividade do terreno é pequena, optamos, então, pelo sistema de plantio em quadrado, que facilitará os tratos culturais e o plantio de um maior número de frutíferas por área. Partimos, então, para a abertura das covas, mas antes providenciamos:
  1. Planta baixa do pomar;
  2. 200 estacas de bambu de 80 cm à 1 metro;
  3. Rolos de barbante;
  4. Fertilizantes.
Marcamos as linhas das valas das covas com barbante e começamos a abrir as covas (50cm x 50cm x 50cm) em duas etapas. Na primeira etapa separamos a terra de superfície do lado direito. Na segunda etapa, a terra profunda do lado esquerdo.


Imagem 1 : Planta baixa do pomar indicando as marcações das covas.
 

A terra de superfície, do lado direito, foi misturada com as adubações orgânica e mineral. Em cada cova colocamos:
  • 14 kg de adubo orgânico, utilizamos esterco de galinha curtido e
  • adubo químico, composta por: 500 gramas de superfostato simples, 150 gramas de cloreto de potássio, 10 gramas de ácido bórico e 10 gramas de sulfato de zinco.

Imagem 2 : Preparo de uma das covas.
Após misturar os fertilizantes na terra de superfície, enchemos as covas, invertendo as terras, primeiro, a superficial, misturada com a adubação, depois, a terra mais profunda. Fincamos as estacas de bambu no centro de cada cova marcando, assim, o local exato para o plantio que terá início no dia 25 de outubro. Dia em que nasceu Fernanda Souza Savassi Rocha, uma das flores do nosso haras!

O sucesso do pomar dependerá de muitos fatores, entretanto, a escolha de boas mudas é fundamental. Precisamos procurar viveiristas credenciados e comprar mudas fiscalizadas, para que o pomar tenha uma vida longa com grande produção de frutos de boa qualidade. 

  • Na próxima matéria falaremos sobre a aquisição das mudas e as características e propriedades das frutíferas selecionadas para o pomar do Haras Acuruí.
Imagem 3 : Planta baixa do pomar, contendo as localizações das covas das frutíferas separadas em grupos de espécies: cítricas, temperadas e subtropicais, tropicais, nativas e exóticas.
FRUTÍFERAS POR FILEIRAS
  • FILA 1 - 60 Abacaxizeiros (40 cm entre covas)
  • FILAS 2 - 8 Mamoeiros
  • FILAS 3 - 7 Mamoeiros e 1 Mangueira
  • FILA 4 - 3 Palmiteiros e 2 Mangueiras
  • FILA 5 - 2 Palmiteiros, 2 Cupuaçuzeiro, 2 Tamareiras, 1 Fruta-do-Conde e 2 Mangueiras
  • FILA 6 - 1 Lichia, 1 Gabiroba, 1 Bacuparí, 1 Açaizeiro, 1 Mangostin, 3 Abacateiros
  • FILA 7 - 1 Romã, 1 Cabeludinha, 1 Cajá-Manga, 1 Mangaba, 1 Sapotí, 1 Jenipapo, 1 Fruta-Pinha ou Ateira, 1 Jambo e 1 Mangueira
  • FILA 8 - 2 Carambolas, 1 Seriguela, 1 Gramixama, 1 Uvaia, 1 Tamarindo, 1 Pitanga, 2 Marolos e 1 Mangueira
  • FILA 9 - 2 Ameixeiras, 3 Pereiras, 2 Kiwizeiros, 5 Macieiras e 1 Mangueira
  • FILA 10 - 4 Acerolas, 4 Pessegueiros, 2 Caquizeiros, 1 Noni e 1 Mangueira
  • FILA 11 - 5 Jabuticabeiras, 2 Nespeiras, 2 Graviolas e 2 Marmelos
  • FILA 12 - 5 Figueiras e 5 Goiabeiras
  • FILA 13 - 5 Tangerinas Pokans e 4 Limoeiros Tahitis
  • FILA 14 - 8 Laranjeiras
  • FILA 15 - 4 Mixiriqueiras do Rio e 3 Tangerinas Murkote
  • FILA 16 - 6 Laranjeiras
  • FILA 17 - 5 Cidreiras
CERCAS VIVAS
  • CA - 14 Amoreiras
  • CP - 9 Pitaya
  • CM - 25 Maracuja
  • CB - 24 Bananeiras

11 de ago. de 2010

Sobre o Mangalarga Marchador

A valorização da raça mangalarga marchador tem como principal explicação o fato do animal ser um exímio marchador. São animais que além de serem facilmente conduzidos, propiciam aos cavaleiros comodidade e conforto na montaria. São ativos, dóceis e adaptam-se com facilidade às diversas condições climáticas.


O animal mangalarga marchador apresenta dois tipos de marcha: batida e picada. Os tempos de apoio lateral, os tempos de tríplice apoio e a frequência são maiores na marcha picada. No Sudeste brasileiro, os criadores preferem os animais de marcha batida, enquanto no Nordeste a preferência é pela marcha picada.

Quando se leva em conta a morfologia o mangalarga marchador apresenta um conjunto de frente leve em estrutura forte, com troncos e membros robustos e com boa correção de aprumo.

A raça mangalarga marchador surgiu há cerca de 200 anos no Sul de Minas. Na época, os criadores mineiros cruzaram a raça portuguesa Alter com cavalos nacionais selecionados. Os novos cavalos tiveram como berço a fazenda Campo Alegre, que pertencia a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, a quem é atribuída a responsabilidade pela formação da raça.

Há uma versão aceita que justifica a denominação da raça. Mangalarga era o nome de uma fazenda, em Paratí, no Rio de Janeiro. Pois bem, o proprietário dessa fazenda adquiriu vários animais, da família Junqueira, que foram utilizados para passeio e passaram a despertar o interesse dos compradores. Estes homens, ao chegarem nas fazendas do Sul de Minas, referiam-se aos animais como os "cavalos da fazenda Mangalarga". Já o segundo nome - marchador - veio da habilidade do animal de marchar em vez de trotar. Assim, o animal passou a ser conhecido como o Mangalarga Marchador.

Patrícia Rocha